quinta-feira, 12 de abril de 2012

CARTA ABERTA À SOCIEDADE DA REGIÃO MATA SUL

S I N T E P E – N Ú C L E O R E G I O N A L D A M A T A S U L



CARTA ABERTA À SOCIEDADE DA REGIÃO MATA SUL

Quando candidato ao governo de Pernambuco para o seu primeiro mandato, Eduardo Campos conquistou credibilidade e respeito dos professores e professoras pernambucanos/nas tecendo fortes críticas ao governador da época, Jarbas Vasconcelos, porque o mesmo pagava o PIOR SALÁRIO DE PROFESSOR DO BRASIL, afirmando ser prioridade do seu governo acabar com essa vergonha, tendo em vista ser Pernambuco a segunda economia do nordeste. Eduardo Campos venceu aquelas eleições, está no seu segundo mandato e, contrariando seus discursos da campanha eleitoral do 1º mandato, continua pagando, até hoje, o PIOR SALÁRIO DE PROFESSOR DO BRASIL.

Como se não bastasse ser LÍDER NACIONAL EM BAIXOS SALÁRIOS PARA PROFESSOR, Eduardo Campos diminuiu os percentuais do PCCV e a diferença entre os professores com nível médio e nível superior BAIXOU de 37% para apenas 5% (hoje, mesmo com o reajuste federal de 22,22%, essa diferença é de apenas R$ 73,00) tornando o tão esperado Piso Salarial Federal uma verdadeira PISADA nos professores e professoras pernambucanos/nas com nível superior.

Continuando com sua POLÍTICA PERVERSA DE DESVALORIZAÇÃO dos professores e professoras pernambucanos/nas, Eduardo Campos, antes que o STF (Supremo Tribunal Federal) desse seu parecer a nosso favor, afirmando que o valor do Piso Salarial era livre de todas as gratificações, o atual governo acaba com os 60% de gratificação pelo exercício do magistério (que nós já levávamos para a aposentadoria) e com os nossos quinquênios, sacramentando de vez nossa condição de PIOR SALÁRIO DE PROFESSOR DO BRASIL.

Diante dessa situação salarial precária, sem vislumbrar melhorias e por haver o atual governo deixado de cumprir com promessas de campanha, além de apresentar para a sociedade uma fantasiosa situação salarial, que nem de longe respeita seus professores e professoras, o SINTEPE – NÚCLEO REGIONAL DA MATA SUL apresenta à sociedade desta região as justificativas para a nossa adesão à Greve Nacional da Educação.

Palmares, 14 de março de 2012

(Link)Contra o Projeto de Lei que muda o reajuste do Piso

http://www.sintepe.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2405:mobilizacao-contra-o-projeto-de-lei-que-muda-o-reajuste-do-piso&catid=44:educacional&Itemid=58

(Link)Coordenador Geral do Sintepe Regional da Mata Sul faz palestra sobre a leitura

http://www.sintepe.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2409:representante-do-sintepe-faz-palestra-sobre-a-leitura-em-escola-na-mata-sul&catid=48:nucleo-municipal&Itemid=62

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Estão acabando com o magistério

 Veículo: Carta Capital
Editoria: Educação
Data: 08/04

Não que o drama da classe seja novidade. Professor é desrespeitado desde sempre.
Aurélio Munhoz


A mais nobre das profissões no rol das gloriosas ocupações que integram o universo da Educação está a um passo de entrar em colapso. O magistério nunca esteve tão desmotivado e nem nunca foi tão vilipendiado como tem sido na 6ª maior economia do planeta.

Não que o drama da classe seja novidade. Professor é desrespeitado desde sempre. Mas esqueçamos as barbaridades cometidas contra o magistério no passado para nos concentrar em apenas um dos problemas centrais da categoria no Brasil de hoje: os baixos salários dos professores.

O novo piso do magistério, anunciado no mês passado pelo MEC (Ministério da Educação), recomenda aos estados e municípios pagar um salário mensal de 1.451 reais aos professores por um regime de 40 horas semanais de trabalho. Note-se que este valor é apenas uma recomendação. Não uma exigência.

Mesmo sendo baixo para uma categoria desta importância, o piso proposto é inatingível à grande maioria das 5,5 mil prefeituras brasileiras.

Levantamento divulgado em março no Paraná, estado onde o cenário de crise da Educação é menor, revelou um dado assustador: 51% dos 399 municípios do Estado já concederam reajustes salariais ao magistério em 2012.

Mesmo assim, não atingiram o valor. E o quadro deve piorar em 2013. Primeiro, devido à insuficiência das receitas das prefeituras. Depois, em função do efeito cascata que a correção do piso acarreta sobre as folhas de pagamento dos governos municipais devido à necessidade de repasse do valor aos professores aposentados e a todos os beneficiados pelos Planos de Cargos e Salários do Magistério – fato que, aliás, deve obrigá-los a superar o limite dos 52% de comprometimento de sua receita corrente líquida com pessoal, fixados pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).

Em estados mais pobres, o quadro é ainda pior. Seus governadores podem pedir ajuda à União para complementar os valores que as prefeituras pagam até atingir o piso. Mas apenas 1.756 municípios de nove estados do Norte e Nordeste (AL, AM, BA, CE, MA, PA, PB, PE e PI) que recebem recursos do governo por meio do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério) têm este direito garantido. Os demais penam em tirar da cartola soluções financeiras mágicas para honrar as exigências previstas na Lei do Piso.

Esta é uma das razões pelas quais, como denunciam os prefeitos, um dos pilares do problema é a insuficiência dos recursos para o financiamento da Educação. De acordo com o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, de cada 1 real arrecadado em impostos pelo Brasil, 57 centavos ficam com a União e apenas 18 centavos, com os municípios.

Isto não significa que os municípios não tenham culpa pelos baixos vencimentos pagos aos professores, mas que a política salarial do magistério não pode ser tratada apenas como uma questão econômica e de responsabilidade apenas das prefeituras. Há um componente fortemente político na solução dos baixos salários dos professores, que passa por uma ampla reforma tributária – seguida de uma distribuição mais justa de receitas entre os Entes Federados – para garantir o custeio dos aumentos de vencimentos que os professores merecem.

Mas o caos do magistério é extremamente grave por outra razão – e é neste aspecto que reside o eixo deste artigo. É que a consequeência direta do descaso imposto ao magistério é o desinteresse dos jovens pela carreira e a fuga dos profissionais que já atuam na área para outras atividades, mais rentáveis e menos desgastantes.

Os dados justificam esta preocupação. Estudo encomendado pela Fundação Victor Civita à Fundação Carlos Chagas revelou que somente 2% dos estudantes do ensino médio têm como primeira opção no vestibular cursos ligados ao magistério.

E isto não é tudo.

De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), entre 2001 e 2006, o número de cursos de licenciatura cresceu 65%; o de matrículas, apenas 39%. As conseqüências do problema são palpáveis: ainda segundo o Inep, considerando-se apenas o Ensino Médio e as séries finais do Ensino Fundamental, o déficit de professores com formação adequada passa dos 710 mil no Brasil todo.

Como se percebe, a degradação das condições de vida do magistério é muito mais que a degeneração de uma categoria profissional. É sinal da grave crise enfrentada pela instituição Educação.

E não se diga que a culpa pelo problema é apenas dos governantes e legisladores que prometem – e nunca cumprem – posicionar a Educação como sua prioridade. A imprensa, o setor privado e a sociedade adotam rigorosamente a mesma atitude.

A mídia porque, ao invés de promover um debate sério e profundo sobre a Educação, prefere concentrar seu poder de fogo na divulgação sistemática da mediocridade e da cretinice, classificadas de notícias. “Notícias” que agradam ao andar de baixo mas que, acima de tudo, rendem mais reais porque possuem perfil marcado por apelo supostamente popular – futebol, sexo, escândalos, criminalidade e as costumeiras idiotices envolvendo celebridades midiáticas.

O setor privado porque, embora se defina como de vanguarda no ensino, guardadas as exceções de sempre, paga aos seus professores menos que a grande maioria dos profissionais com formação universitária e lhes oferece condições de trabalho nem sempre dignas. Com a diferença de que, pela pressão da lógica capitalista, cobra deles muito mais resultados que no setor público.

A sociedade também é responsável pelo problema. Ao invés de enfrentar este cenário com a seriedade que o tema merece, intensificando as cobranças tanto dos agentes públicos quanto dos privados, prefere desestimular seus filhos a seguir a profissão, rendendo-se à lógica pragmática do capital. Ou apenas se omitir do processo, quando entrega às escolas o ingrato papel (que é seu) de educar os próprios filhos.

O Brasil, que sonha em ser alçado ao seleto rol dos países desenvolvidos, está acabando com a carreira do magistério. Por analogia, está comprometendo seriamente a Educação e, o que é pior, o futuro que estamos reservando aos nossos descendentes. Triste que seja assim.


*Aurélio Munhoz é jornalista, sociólogo, consultor em Comunicação e presidente da ONG Pense Bicho. Pós-graduado em Sociologia Política e em Gestão da Comunicação, foi repórter, editor e colunista na imprensa do Paraná.